MINHA HISTÓRIA
Paixão por tudo o que vive
Eu nasci em Natal, no Rio Grande do Norte, nordeste do Brasil. Natal é uma cidade com uma média de 300 dias de sol por ano, banhada pelas águas do Oceano Atlântico. Assim, o mar sempre fez parte da minha vida e minha conexão com a água é absoluta. Seguindo do litoral para o oeste, no entanto, a natureza acaba sendo cada vez mais hostil. Partindo da Mata Atlântica, perto da praia, passamos pela Região Agreste do Estado, e então chegamos no Seridó, onde predomina o Bioma Caatinga, com sua aridez característica. As enormes diferenças entre esses ambientes teve um grande impacto na minha abrangente abordagem em relação à biologia.
Desde a infância, minha conexão com a natureza é enorme. Eu morava em um pequeno sitio perto dos limites da cidade, e quando criança eu costumava montar uma barraca improvisada para acampar por lá. Meu pai, engenheiro civil e botânico amador, sempre me levou para longas caminhadas nas trilhas do Parque das Dunas, então uma área intocada e inexplorada, onde brincávamos tentando localizar e identificar o máximo possível de orquídeas nativas, sua grande paixão.
Olhando para trás, é fácil saber que minha tendência natural era a Biologia. De alguma forma, no entanto, decidi cursar Arquitetura e Urbanismo, o que acabou sendo muito importante para afinar a minha abordagem estética, a maneira de observar sombras e luz, meu senso de composição. Quando terminei a faculdade, me tornei um mergulhador amador certificado e entrei no curso de Aqüicultura, o curso mais parecido com Oceanografia que eu podia frequentar em Natal. Este curso, infelizmente, foi extinto e eu não o concluí.
Trabalho como Arquiteto do Governo Federal até hoje mas estudando biologia, consegui integrar os meus conhecimentos de urbanismo e estudar como as áreas silvestres e urbanas interagem entre si. Terminei Biologia como aluno laureado, e desde então minha fascinação pelo estudo da vida permanece absoluta. No Mestrado, passei a estudar insetos e, ao mesmo tempo, em viagens de campo, comecei a sentir a necessidade de registrar tudo o que encontrava. E então eu descobri o que hoje eu considero uma missão de vida: a fotografia da natureza destinada à preservação do meio ambiente.
Pois, há alguns anos, quando eu fazia trabalhos de campo como biólogo pelas trilhas do Rio Grande do Norte, surgiu um desejo enorme de conectar as pessoas com o que eu estava vendo. Sempre que estava na caatinga ou nos fragmentos de mata atlântica eu via algo interessante, fosse uma espécie diferente ou, às vezes, uma grave e perturbadora agressão ao meio ambiente.
Encontrar muito lixo ou sinais de incêndio criminoso nas trilhas, aqui, não é um evento incomum. Ao invés de simplesmente registrar essas situações chocantes, optei por capturar a beleza da vida selvagem, como uma maneira de tocar as pessoas para o risco em que se encontram muitas espécies e habitats, e por que precisamos mudar nossa abordagem em relação à conservação da natureza.
O fato é que nós somos mais propensos a proteger quando conhecemos o que queremos preservar. Isso torna os esforços de conservação muito mais eficazes.
E a maneira que encontrei para fazer isso foi abraçar a fotografia da vida selvagem. Certamente não foi uma tarefa fácil: além de ter que aprender fotografia, a vida selvagem no Nordeste do Brasil, embora incrivelmente biodiversa, não é particularmente abundante. E quando as coisas acontecem, nossos modelos, geralmente pequenininhos, são muito vulneráveis e assim sempre tendem a fugir. Isso significa muita paciência e longas esperas: horas, às vezes dias, semanas, meses e até anos, para obter a imagem ideal. Contudo, tenho certeza de que meus esforços valem a pena. Minhas fotografias mostram o que ainda temos e o que estamos em risco de perder.
Todas as minhas fotografias são tiradas em ambiente natural. Todos os animais são livres e nenhuma armadilha nem isca foram usadas.
Por favor, pense na preservação do nosso meio ambiente. Se envolva.
"Olhe profundamente para a natureza,
e então você compreenderá tudo melhor. "
A. Einstein
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